Como poderia eu adivinhar que, após seguir aquele atalho da newsletter Ansião News, "Ex alunos do Externato Soares Barbosa comemoram encontro com o lançamento de blog" ficaria tão vulnerável às recordações do meu passado enquanto aluna do Externato. Devorei com sofreguidão todos os vossos textos e mensagens, deliciei-me com as mudanças que o tempo operou nos vossos rostos, chorei lágrimas sobre lágrimas …ainda choro…EU recordo e revejo-me nesse texto anónimo, afinal eu sou AQUELA!Sabem que eu ainda tenho o tal inquérito?! Logo que o encontrei, folheei-o avidamente e lá estava aquele bilhete de cor lilás, tão intenso de conteúdo que ainda me surpreende como é que nós conseguimos viver até hoje sem que tenhamos alicerçado uma relação de permanência ao lado um do outro.Terá passado quase meio século, contudo continuo a vê-LO, sem nunca mais O ter visto, transporto recordações como a do dia em que foi transferido para a terceira voz, na aula de Canto Coral e de como me olhava fixamente enquanto cantávamos “Os sinos da nossa aldeia têm poesia e têm paixão”. E aquela tarde em que simplesmente faltámos às aulas e fomos juntos passear para o campo de futebol da mata! Eram estes pequenos momentos e aqueles beijos de fugida que faziam correr os dias e sem que déssemos por isso estávamos no quinto ano, com os exames pela frente, naquela maravilhosa semana em Coimbra onde por fim tudo foi mais intenso.Nunca dei importância a essas diferenças de status de que Ele fala, o meu pai sim, soube desta paixão e tentou por todos os meios terminá-la. Enviou-me para bem longe, rodeou-me de enormes restrições e fiquei cada vez mais privada do contacto com ELE e duma certa forma com todos vós.Hoje sou uma mulher independente, que não partilha refeições e vive com a Solidão num apartamento de terceiro andar de um luxuoso subúrbio de uma grande cidade europeia, porventura envolta em demasiadas responsabilidades profissionais, cocktail alternativo à notória incapacidade de se voltar a apaixonar. Alguém me disse que isso só seria possível após o desinvestimento numa anterior paixão, o que nunca aconteceu ainda. “A vida separou-nos mas não conseguiu matar este amor!” eu acrescentaria que dificilmente conseguirá! Ao Externato, além do serviço prestado na nossa formação, devemos o nosso encontro, por que não esperar que o mesmo, ainda que demolido, mas vivo na nossa recordação, nos faça reencontrar?Sei que não é muito elegante escrever anonimamente, pela minha parte nem vejo qualquer razão para o fazer, mas não gostaria de provocar algum constrangimento, afinal, embora tenha tentado, nada mais sei DELE além do que aqui li.Beijinhos para todos vós e fiquem certos que tudo farei para estar presente na próxima edição do Convívio. Vou continuar a visitar o blog, achei uma ideia estupenda, continuem a cuidar dele pois é muito importante para quem como eu está longe.
Nota da Administração do blog: para quem visita pela primeira vez este espaço, aconselha-se a leitura atenta do histórico. O TEU nome pode andar por aí, nos mais recônditos comentários...
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