domingo, 15 de julho de 2007

Afinal havia outro!!

A mensagem que se segue foi recebida há pouco mais de dez minutos... Sem querer tomar partido, não vão as más línguas dizer que estamos a ser feministas, a verdade é que nos sentimos tocadas pelas palavras "dela". Por isso aqui ficam.Parece-nos, no entanto, que não está muito bem disposta. Já agora, permitam-nos a interferência: estamos em Julho. Mês de férias. Uma esplanada, uma dose de ameijoas, umas "bejecas", e uma boa conversa a três não resolveriam o problema? Vá lá, decidam-se. E...boa sorte!
Agora leiam o que ela disse... e mais uma vez, bom fim-de-semana. Abraços da
Comissão Organizadora

"Li, reli, voltei a ler e a reler. Afinal eu sou AQUELA!
Quando há dias deparei com as palavras que todos aqui leram, senti que o meu mundo não estava afinal tão cinzento como eu imaginava, e que talvez houvesse por aí perto um raio de sol prestes a entrar e a transformar a solidão com que partilho a vida. Dei comigo a rebuscar no fundo das gavetas, procurando qualquer coisa mais para alimentar este súbito frémito que me toldou o espírito, e, confesso, quase também a razão. O meu passado estava a vestir-me de novo aquela bata preta e a deixar que as emoções voltassem, tantas décadas depois, a pôr-me um brilhozinho nos olhos. Decidi esperar. E em boa hora o fiz.
Confesso que tenho visitado este blog amiúde, na esperança de mais notícias e sinais. Deduzi, pelo endereço de email associado ao blog, que o mesmo é administrado pela Nídia, de quem já mal me lembro, uma vez que é um pouco mais nova do que eu. Agradeço-lhe ter-me dado a oportunidade de, usando as palavras do post anterior, “exorcizar os fantasmas do meu passado”.
Não vou alongar-me tanto como os anteriores “oradores”, e decerto me entenderão: depois de ter lido o post de 11 de Julho, “Onde é que isto vai parar”, decidi remeter-me ao silêncio, por ter sentido expostos os meus sentimentos por alguém que eu acho que não tinha o direito de o fazer. Aguardei. Quem esperou trinta e tal anos pode esperar um pouco mais. Tentei digerir as emoções e alguma revolta que de repente acordou. Hoje, porém, se alguma dúvida tinha, desvaneceu-se: perdoem-me os alheios ao caso em apreço, mas vou “vomitar” as raivas que ultrapassam a minha capacidade de armazenamento. E depois disto, sobre o assunto, nada mais direi. “Onde é que isto vai parar II”. Descobri que afinal sou mesmo AQUELA! Aquela que andou anos à espera de notícias, a saborear às escondidas, nas escapadelas às minhas memórias, um amor longínquo, e que vem descobrir, aqui e agora, que afinal dois amores se degladiavam por mim sem que nenhum tenha feito nada para me encontrar.
Que diabo! Há trinta anos, admito que fosse difícil tal tarefa, mas há já uns bons anos que existem listas telefónicas, Internet…que tal uma ida ao “Ponto de Encontro”??? Vivemos na aldeia global, e não na pequena aldeia onde dizes ter passado a viver com a tua mãe. Este país tem 10 milhões de habitantes, não vivemos nos EUA nem no Brasil!!!
As mensagens de um e de outro lembram-me duas pessoas a discutirem por causa de uma terceira, enquanto esta, esquecida, espera na soleira da porta! Eu estou aqui, ou agora o que interessa é discutirem em praça pública qual é que merece mais o meu amor, esquecendo-se de me perguntarem qual deles é que eu quero, se é que quero!? Não tenho voz no assunto? Insinuas ter havido alguma cilada e põe em dúvida que tenha sido eu a responder. Pois fui, sim, na onda de emoção incontida por te ter reencontrado. Fui ingénua, e já não tenho idade para isso. Mas posso provar que sou eu mesma. Para tal envio, digitalizado,
o tal “bilhetinho de cor lilás” de que falavas na primeira mensagem. Não sei se será publicado ou não, mas vou deixar junto da administração do blog o meu endereço electrónico para contacto. Dizia eu, quando respondi à tua mensagem, e tentando explicar a minha “notória incapacidade de me voltar a apaixonar” que “Alguém me disse que isso só seria possível após o desinvestimento numa anterior paixão”. Creio poder agradecer a este blog essa magia: estou livre! E só se não puder é que não vou apaixonar-me outra vez. Por alguém que não se escude atrás de palavras doces para ocultar falta de iniciativa. Como dizia uma célebre canção dos nossos tempos, pela boca da Dalida: “Encore des mots toujours des mots,les mêmes mots...Rien que des mots. Des mots faciles des mots fragiles... paroles, paroles, paroles”. Abraços."


Nota da Administração do blog: para quem visita pela primeira vez este espaço, aconselha-se a leitura atenta do histórico. O TEU nome pode andar por aí, nos mais recônditos comentários...

Um comentário:

Anônimo disse...

POR MIM ACABA AQUI…
Não sei o que move esta personagem que se faz passar por mim, adultera os meus pensamentos e coloca alguma leviandade nas minhas pretensas atitudes.
Não passaram apenas trinta anos, mas sim quarenta e dois longos anos, tenho agora cinquenta e sete. Os dois anos mais difíceis foram passados no Colégio Teresiano de Braga, onde meu pai me internou. Foi lá que me convenci que esse rapazinho, como me recordo dele, me havia esquecido. Não voltei a Ansião, de Braga segui para França onde fiz uma Licença na Universitade Nancy 2. Comecei a minha carreira profissional nesta cidade. Nancy fica situada no departamento 54 – Meurthe-et-Moselle na região da Lorena. É um centro industrial situado numa região produtora de grande quantidade de minério de ferro.
Mais tarde vim habitar para Paris onde agora me encontro. Tenho sido bem sucedida profissionalmente, tive até alguma visibilidade mediática pouco tempo atrás na campanha presidencial de Ségolène Royale a quem muito admiro e de quem sou muito amiga desde os tempos em que juntas frequentámos a Universitade Nancy 2.
É dela a frase seguinte com que presenteio a minha dupla, para lhe lembrar que nós temos um longo caminho ainda a percorrer e temos de nos libertar destas intriguinhas:
« Le combat des femmes illustre tous les autres » ( Ségolène Royale)
É certo que já voltei a Portugal por várias vezes, mas sempre a uma cidade da margem sul onde ainda tenho família. Não sou natural de Ansião, apenas aí residi durante sete anos por questões profissionais do meu pai. Não me é difícil pois aceitar que não me tenham conseguido encontrar, eu própria adormeci um pouco sobre as minhas recordações. Senti-me abandonada e quis esquecer o assunto.
A história do meu pai não pertence aqui, não sustento essa versão e peço desculpa, quem o conheceu sabe que ele ajudou imensa gente nessa altura em Ansião. Era bem relacionado, mas não com esse tipo de gente. Foi com ele aliás que eu comecei a deixar-me seduzir pelos ideais de esquerda.
Não trarei aqui nada para provar seja o que for, são-me demasiado queridas essas recordações para as profanar assim. Apenas direi que o tal bilhete lilás era uma folha de um dossier mas com linhas, quanto ao que dizia é um segredo NOSSO.
Agora não tenho pressa, convivo bem com as minhas recordações. Sim é com base nelas que eu desejo um encontro, preparo-me para ele com cuidado pois sei que os anos provocam alterações físicas e de personalidade que podem não ser compatíveis com o expectável.
Deixo um sinal apenas para ELE, aquele soneto que está numa das cartas que não tiveram resposta:

A nossa casa, Amor, a nossa casa!
Onde está ela, Amor, que não a vejo?
Na minha doida fantasia em brasa
Constrói-a, num instante, o meu desejo!
-
Onde está ela, Amor, a nossa casa,
O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa?
-
Sonho... que eu e tu, dois pobrezinhos,
Andamos de mãos dadas, nos caminhos
Duma terra de rosas, num jardim,
-
Num país de ilusão que nunca vi...
E que eu moro - tão bom! - dentro de ti
E tu, ó meu Amor, dentro de mim...

(Florbela Espanca)

Lamentavelmente não deixei o meu endereço da primeira vez, faço-o agora para quem desejar escrever-me: nandine1950@voila.fr
Obrigada
Nandine (Como os amigos me tratam por cá!)